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Portuguesa de Raça (?)

No Aeroporto do Porto, um incidente lamentável ocorreu quando uma mulher portuguesa insultou uma brasileira, chamando-a de "porca" e declarando-se uma "portuguesa de raça". Essa postura, além de demonstrar intolerância e preconceito, levanta uma questão importante: o que realmente significa ser uma portuguesa de raça, considerando que o povo português também é o resultado de uma miscigenação de diferentes povos ao longo da história?

Em primeiro lugar, é crucial reconhecer que a identidade de um indivíduo está longe de ser definida exclusivamente por características biológicas ou étnicas. A ideia de uma "portuguesa de raça" contradiz os diversos influxos culturais e genéticos que permearam a história de Portugal. Desde os tempos pré-romanos, passando pelas influências romanas, árabes e africanas, até a Era dos Descobrimentos, Portugal sempre foi um ponto de encontro de diferentes culturas, povos e tradições.


A noção de "raça" é, portanto, problemática e ultrapassada. Estudos científicos já provaram que não existem raças puras entre os seres humanos, e a ideia de raça como um fator determinante de superioridade ou inferioridade deve ser veementemente contestada. Tal expressão sugere uma suposta pureza étnica, ignorando a rica história de Portugal, que é marcada por influências de diferentes povos e culturas ao longo dos séculos. Desde os tempos dos romanos até a influência árabe e as descobertas marítimas, Portugal é resultado de uma mistura étnica e cultural que contribuiu para sua identidade única. Por ser um país cuja história se destaca pelas navegações e colonizações, também possui um passado de miscigenação. A diáspora portuguesa ao redor do mundo espalhou o sangue luso por diferentes continentes, ampliando ainda mais a diversidade étnica dentro da própria população portuguesa. Ignorar essa mistura de culturas e etnias é negar a própria história do país.


Portanto, a noção de uma "portuguesa de raça" não só é equivocada, mas também revela um profundo desconhecimento sobre a história e a diversidade étnica do povo português. A identidade portuguesa é uma tapeçaria complexa, formada por diferentes fios culturais que se entrelaçam ao longo do tempo.


Como a Logoterapia explicaria o fato?


À luz da Logoterapia essa situação poderia ser analizada partindo da ideia de que cada pessoa é responsável por suas ações e pela construção de sua própria identidade. A mulher que proclama ser uma "portuguesa de raça" pode estar manifestando um profundo desconforto em relação à sua própria identidade, buscando afirmar uma suposta superioridade baseada em falsas noções de pureza étnica. A psicologia existencialista poderia ajudá-la a refletir sobre suas responsabilidades, liberdades e escolhas, levando-a a compreender a complexidade da identidade e a importância de aceitar e respeitar a diversidade étnica.


Além disso, a Logoterapia pode encorajar a mulher a buscar um sentido mais autêntico para a sua existência, incentivando-a a reconhecer que a verdadeira realização pessoal está na conexão com os outros e na aceitação da diversidade cultural. Ser português, ou de qualquer outra nacionalidade, não pode ser reduzido a uma questão de "raça", mas sim compreendido como uma experiência multifacetada e enriquecedora, que nos liga a uma rede complexa de relações e influências culturais.


Em resumo, a Logoterapia poderia propor à mulher portuguesa uma reflexão profunda sobre sua própria identidade e suas atitudes em relação aos outros, incentivando-a a buscar um sentido mais autêntico de si mesma e a reconhecer a importância de respeitar a diversidade étnica como parte fundamental da existência humana.


Psicólogo Pablo Aquino.


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